Conheci o Trisca no ano 2000 quando a Vera Maria Severo, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo me chamou para fotografar flores nativas da Mata Atlântica. Foi um projeto lindo que me mostrou que boa parte das árvores que florescem na cidade são nativas das nossas matas. Os Ipês, as Sibipirunas, as Tipuanas e todas as majestosas árvores que enchem os olhos foram uma descoberta. Mas, um dia, esse trabalho me mandou para o Orquidário do Jardim Botânico de São Paulo.
Até então não imaginava que essas maravilhas eram nossas. A beleza delicada das orquídeas sempre me lembrou o Oriente e vivia feliz achando que todas vinham da China para enfeitar o jardim da minha tia Graziela. Também nunca soube que dentro do Jardim Botânico existia esse imenso Orquidário. Bom, sou fotógrafo, não orquidófilo, mas eu aposto que nem todos os orquidófilos conhecem esse arquivo vivo com mais de 27000 orquídeas, a maioria nativas da Mata Atlântica. E lá, no meio desses gigantescos corredores (sério, dá uma olhada nas fotos aí em cima), trabalhava o Trisca.
Trisca selecionou as orquídeas, contou sobre elas e com seu arsenal infinito de piadas fez a manhã passar rápido.
Os filmes (!) foram revelados, os contatos escolhidos, as fotos ampliadas e mais ou menos uma semana depois (era um processo demorado crianças) o trabalho foi entregue, o cliente ficou feliz e eu fui tocar minha carreira por esse mundão.
Até que, 16 anos depois, comecei a idealizar os Mestres de São Paulo e um dos primeiros personagens que me ocorreu foi o Trisca. Ainda bem que o telefone da Vera Maria continuava o mesmo. Valeu Vera!
Agora, por um segundo, vamos considerar como é frágil a beleza do encontro. Trisca se aposentou naquele mesmo ano. Depois de 36 anos no orquidário. E aí trabalhou por mais 10 anos com orquídeas no projeto Pomar. Posso te passar o currículo dele e fotos de todos os seus certificados (centenas), mas não vou fazer nada disso. Você vai ter que acreditar em mim. Ninguém entende tanto de orquídeas quanto o Trisca. Ele ainda dá cursos e a ocasional consultoria para os verdadeiramente merecedores. Quando não está muito frio e o joelho permite.
O nome dele é Geraldo Neto. Trisca veio dos tempos da bola. Quando era zagueiro na Mooca e depois no time do Botânico. O apelido virou nome e o joelho virou dor. Trisca já foi falar de orquídea na Suiça, é amigo do Ronnie Von e do Lenine, continua morando na casa que era dos sogros e tem umas 200 orquídeas nos fundos, alguns gatos e Alemão, o cachorro.
Vai Lá
O Trisca dá aula sobre orquídeas no Móduio II do Curso de Jardinagem que a Graça, da Sinal Verde organiza no Instituto de Botânica do Jardim Botânico.
Mais informações:
Sinal Verde
Cursos Ambientais
Fone: (0xx11) – 5055-9321
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