Carrilhões, badalos, cucos, sinos e ponteiros tic-taqueando se misturam com o barulho da rua no Centro dos Relógios Antigos. Baltazar conta que, desde que chegou em São Paulo, em 1959, está ligado à Rua Rocha. A não ser pelo período em que trabalhou para uma fábrica de travas de direção, sua vida profissional na cidade tem sido nessa rua do Bixiga.
Na fábrica de travas de direção ele conta que atendeu uma vez Hebe Camargo, uma pessoa muito simpática e nem um pouco estrela, apesar de já ser um fenômeno na época. Devia ser uma gata a Hebe moça.
Como o Mario, da Sapataria Busso retratada no post anterior, Baltazar tem histórias bem divertidas de amizades que se formaram trabalhando para a alta roda de São Paulo. Ele fala com muito carinho de clientes que acabaram se tornando amigos, como Sebastião Camargo e Adib Jatene. Tem uns vivos também, mas desses ele conta o causo mas não dá o nome.
Baltazar saiu de sua cidadezinha perto de Passos, em Minas, quando tinha 18 anos. Antes disso já tinha se mandado da casa dos pais aos 13 para ir morar com a irmã mais velha e o marido. Parece que o pai deles não era bolinho. Aos 21 ele encasquetou que ia consertar relógios afinal, já que todo mundo tinha um não haveria de faltar trabalho. Estava certo. Não falta até hoje. Não ficou rico, mas criou os dois filhos que já lhe deram dois netos, comprou chácara e casa em Passos. Como ele mesmo diz: Importante é trabalhar muito e muito honestamente.
Ele e o Márcio, seu discípulo botafoguense a 10 anos dividem o espaço com Gorô, relojoeiro muito gente boa que é amigo de seu Baltazar a "mais ou menos 50 anos".
Vai lá colocar os ponteiros em dia:
Centro dos Relógios Antigos - Rua Rocha, 93
telefones: 3289-5633 / 98608-4345